Pássaro Unitário

Pássaro Unitário

domingo, 23 de dezembro de 2012

Antes do Pôr do Sol




Cuido em encontrar poesia no agora.
No copo de bebida lagrimejando sobre a mesa.
No gole de sede sombreando este sol.

A vidraça da janela deixa a luz clarear o pó dos meus versos.
As letras trocadas imprimem as gravuras do meu viver.
E vem de longe um perfume nostálgico de horizonte.
E vem descompassado, sorridente entre os abraços de um polvo.

O que vai sobrar eu escrevo a mão
Para alimentar a fogueira serenada do esquecimento.
Esse mago do infinito em expansão
Carregado da magia soberana de maquiar tudo de finitude.

Canto em três acordes minha balada de incertezas.
Canto indiferente à fragilidade pedinte de todas as certezas
Sustentadas e exaltadas pelo assombro tenebroso
Do cão do revólver erguido contra essa tal felicidade.

Só ouço a voz sem eco detonada pela verdade.
A verdade com seu bisturi imparcial
Amputando a gangrena vaidosa de todas as flores
Enfermas do aplauso enegrecido da mentira que afaga.

Não temas a amargura nobre poeta em prosa
Esse banquete se encontra armado à espera de cada um
É a nota dissonante que apara em um arquejo de sabedoria
As arrestas pobres de toda a soma das melodias.

Meu verso se nega a escancarar seus dentes na cara do mundo
Enquanto Raimundo continua batendo na porta fechada dos mil jardins
Suplicando imundo e sem cor uma ajuda pelo amor do teu deus.  

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