Cuido em encontrar poesia no agora.
No copo de bebida lagrimejando sobre a mesa.
No gole de sede sombreando este sol.
A vidraça da janela deixa a luz clarear
o pó dos meus versos.
As letras trocadas imprimem as gravuras
do meu viver.
E vem de longe um perfume nostálgico de
horizonte.
E vem descompassado, sorridente entre os
abraços de um polvo.
O que vai sobrar eu escrevo a mão
Para alimentar a fogueira serenada do
esquecimento.
Esse mago do infinito em expansão
Carregado da magia soberana de maquiar tudo
de finitude.
Canto em três acordes minha balada de
incertezas.
Canto indiferente à fragilidade pedinte
de todas as certezas
Sustentadas e exaltadas pelo assombro tenebroso
Do cão do revólver erguido contra essa
tal felicidade.
Só ouço a voz sem eco detonada pela
verdade.
A verdade com seu bisturi imparcial
Amputando a gangrena vaidosa de todas as
flores
Enfermas do aplauso enegrecido da
mentira que afaga.
Não temas a amargura nobre poeta em
prosa
Esse banquete se encontra armado à
espera de cada um
É a nota dissonante que apara em um
arquejo de sabedoria
As arrestas pobres de toda a soma das melodias.
Meu verso se nega a escancarar seus dentes
na cara do mundo
Enquanto Raimundo continua batendo na
porta fechada dos mil jardins
Suplicando imundo e sem cor uma ajuda
pelo amor do teu deus.
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